Aquário, não solta minha mão!
Quando perguntamos a um Aquariano/Aquariona qual é a Missão do seu signo na Terra, é esse tipo de coisa que a gente acaba escutando:
“Inventar um mundo novo ou uma nova forma de ver o mundo.”
“Se há 10 anos você faz uma coisa de um jeito, Aquário é a possibilidade de começar a fazer de um novo jeito.”
“Nossa missão é levar vocês embora daqui desse planeta.”
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Parece papo de louco mesmo. Bem Era de Aquário.
A vibe do 11º signo do zodíaco é inspiradona e viajandona, porque nos lembra que não devem haver limites para o que pode caber ou sair de dentro de nossas cabeças. É a capacidade de abrir a mente, amplificar a consciência e enxergar novas perspectivas sobre o hoje, o amanhã e o depois de amanhã. Pioneirismo, idealismo, futurismo, vanguardismo; são muitos ismos criativos no bonde das aguadeiras.
Aquário é investir na contra-corrente do derramamento cósmico. É contrariar, questionar tabus, quebrar convenções, sacudir o status quo. Por isso, muitas vezes esse signo pode ser tão admirado quanto publicamente rechaçado.
Problematizar, provocar mudanças e encontrar uma voz de protesto são aspirações do nosso tempo, mas que certamente não irão agradar a todos. Uma revolução NUNCA poderá agradar a todos, e Aquário nos faz refletir sobre o tipo de mudança que estamos propondo em nossas lutas. Afinal, todo esse agito aí é em prol de si mesmo ou de um bem maior?
Coletivona SIM
Uma das maiores belezas desse signo é a noção de coletividade que atravessa seus gestos e pensamentos. É o caminho integral para a superação do Eu (que sabemos, é cara de Leão, seu signo oposto). Conforme afirmou um participante em nossa pesquisa, “Aquário é sobre abrir os olhos das pessoas para questões que vão além delas mesmas.”
É colaboração e ousadia na busca por inovações sociais, políticas, culturais, científicas, ambientais, tecnológicas. É sobre evolução e ativismo. Sem dúvida, o mais engajado do rolê.
Mas se esse é um dos signos mais ligados ao coletivo, como pode também ser percebido como individualista? Aquário sozinho não faz verão, e seu maior sintoma parece estar justamente na sombra do isolamento pessoal. Mas por que isso acontece?
Lá vem ela toda DES-CONS-TRU-Í-DA
Apenas 0001 aquariano na nossa pesquisa admitiu que muitas vezes “não temos o jogo de cintura para convencer as pessoas de nossas proposições e ficamos apenas como os esquisitos que tem ideias esquisitas”. Essa fama de ser descolado da realidade, o mais cool e diferentona da turma, também passa por outro lugar: a síndrome do incompreendido.
Originalidade é sempre bem-vinda. No entanto, sustentar o ‘diferente pelo diferente’ pode se tornar um infeliz jogo de desconexões.
É como se uma hora Aquário virasse as costas e dissesse: desisto, não vou mais tentar explicar o meu ponto de vista sobre as coisas. É aquele clássico “o mundo que não me entende”. Que bom que Aquário se recusa a ser padrãozinho, mas com isso ele também pode comprometer alguns vínculos pessoais e se desligar dos códigos que nos conectam enquanto raça humana.
Aceitar as diferenças é um desafio contemporâneo. É possível fazer isso sem abrir mão das semelhanças que nos unem?
WALK the TALK — até porque falar é fácil
Outra dor desse estranho jovem uraniano é a pressão por viver e realizar tudo que idealiza. A ambição de gerar tanto impacto positivo pode ser frustrante e deixar Aquário estagnado, sufocado em suas próprias ideias e invenções.
Toda sua esperteza pode levar também a um ar pretensioso, do tipo que dá ótimas sugestões e depois sai de fininho. Ok, você sabe muito, mas o quanto dessa sabedoria você consegue aplicar? E na sua vida pessoal, como estão as coisas? A inteligência emocional ligou e mandou um abraço distante.
A possibilidade de uma certa confusão mental e instabilidade afetiva é alta, porque um dos riscos das aquarianes é deixar as ideias (e os ideais) se sobreporem às pessoas que estão bem na sua frente. Nem tudo é sobre o que é melhor para a humanidade. Às vezes é também apenas sobre cultivar afeto, intimidade, desligar o modo racional, fazer concessões, operar no 1-a-1.
Trabalhamos com LIVRE-ARBÍTRIO
Tem uma coisa que todo mundo ama. Amamos tanto que chega a ser difícil…
Nós a desejamos profundamente, não sabemos bem como alcançá-la e nem o que fazer com ela quando a conquistamos: LIBERDADE
Quando Aquário diz “eu só preciso de um pouco de espaço”, é quase do espaço sideral que ele está falando. É o signo que consegue ensinar através do desapego e do desprendimento. Mostra que as pessoas podem e devem ser mais autônomas, se importar menos com a opinião dos outros no que diz respeito às suas escolhas e estilos de vida.
O senso de independência é sua grande virtude, desde que não seja por pura rebeldia. A postura ‘não sou obrigado’ pode ser libertadora — mas no fim é se libertar de onde para onde? O bom amigo aquariano é aquele que avisa: primeiro idealize um futuro (com leveza e otimismo) e só depois “break free from this shit”.
* Lucas Liedke é um psicanalista com 47% de elemento Ar no mapa (Lua e Vênus em Aquário) e é co-fundador do projeto Peoplestrology e da float, consultoria de pesquisa em cultura e comportamento.
